domingo, 15 de agosto de 2010

Cartão de crédito: facilidade de uso e risco de endividamento caminham lado a lado

Mauro Calil alerta, é importante quitar a fatura do cartão na íntegra. Seja com o intuito de comprar uma roupa ou mesmo financiar um eletroeletrônico mais caro, só vale usar o cartão quando houver plena convicção de que não será preciso recorrer ao parcelamento mínimo para encher o carrinho. Isso porque qualquer outra linha de crédito irá oferecer taxas mais baratas. Enquanto o cartão cobra uma média de 10,7% ao mês, os juros orbitam em torno de 4,8% no empréstimo pessoal e 2% no crédito consignado. Portanto, o consumidor que tiver saldo devedor também sairá ganhando se procurar outro tipo de crédito para trocar a dívida do cartão por outra mais em conta.



A possibilidade mais vantajosa, no entanto, é parcelar a compra diretamente com quem está vendendo o produto ou prestando o serviço, explica Adalberto Savioli, presidente da Acrefi (associação de instituições de crédito). Muitas empresas permitem que seus clientes parcelem pagamentos no cartão em até dez vezes sem juros. Com essa simples medida, o consumidor poderá economizar centenas ou milhares de reais. Outra dica é fixar um teto para o montante que pode ser gasto com o plástico. "Independente do número de cartões que o consumidor tiver, a soma de todos os limites deve corresponder a no máximo 50% da sua renda líquida mensal", ensina Mauro Calil. Dessa forma, o usuário fica impedido de assumir compromissos que não poderá arcar.



Benefícios e cuidados

As tentações para o consumo são muitas e as facilidades que o cartão de crédito oferece costumam ser ainda maiores. Além de ser aceito em cada vez mais estabelecimentos, diminuindo a necessidade de o consumidor andar com dinheiro na carteira, o cartão possibilita o parcelamento das compras e a concentração de todas as despesas em uma única data de vencimento. Se utilizado com responsabilidade, é uma ferramenta que auxilia o planejamento do orçamento, discriminando as despesas efetuadas e aquelas que ainda estão por vir. Os programas de benefícios também oferecem vantagens para os usuários, com a troca de pontos por produtos diversos ou por milhas em companhias aéreas.



. "Mas uma coisa é ter dinheiro, e outra é ter crédito. Como menos de 5% da população sabe fazer cálculo de juros, muita gente continua pagando a menor parcela e não se dá conta que a dívida ficará impagável". Reflexo disso é o aumento da inadimplência no país. Em uma década, essa taxa passou de 1,92% para 24%, ocupando o lugar mais alto no ranking das operações de crédito à pessoa física.



"O cartão é um facilitador. Mas não manusear o dinheiro dá uma sensação bastante equivocada, a de que aquela transação não envolve dinheiro e que é possível comprar à vontade", diz Valéria Cunha, do Procon. "Mas é claro que você vai ter que pagar no final. E nessa armadilha do valor mínimo, os juros podem levar ao superendividamento", emenda. Por isso, não compre somente pelos benefícios que poderá ganhar depois. Barganhe a isenção ou o abatimento na anuidade junto a sua operadora e pague em dia a fatura que receber. No fim das contas, ver o cartão transformado em vilão depende, em boa parte, do uso que você faz dele.

Fonte: Exame.com.br

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